Compositor: Jean Ferrat / Louis Aragon
Que seria eu sem ti, que vieste ao meu encontro?
Que seria eu sem ti, senão um coração adormecido no bosque?
Senão essa hora parada, no mostruário do relógio?
Que seria eu sem ti, a não ser esse balbucio?
Eu aprendi contigo tudo sobre as coisas humanas
E vi, desde então, o mundo à tua maneira
Aprendi tudo contigo, como se bebe nas fontes
Como se leem no céu as estrelas longínquas
Como se retoma a canção de alguém que passa
Eu aprendi tudo contigo até o sentido do calafrio
Que seria eu sem ti, que vieste ao meu encontro?
Que seria eu sem ti, senão um coração adormecido no bosque?
Senão essa hora parada, no mostruário do relógio?
Que seria eu sem ti, a não ser esse balbucio?
Eu aprendi contigo tudo o que me diz respeito
Que está claro ao meio-dia, que um céu pode ser azul
Que a felicidade não é um candeeiro de taberna
Tu pegaste-me pela mão, nesse inferno moderno
No qual o Homem já não sabe o que é ser dois
Tu pegaste-me pela mão como um amante feliz
Que seria eu sem ti, que vieste ao meu encontro?
Que seria eu sem ti, senão um coração adormecido no bosque? / Senão essa hora parada, no mostruário do relógio?
Que seria eu sem ti, a não ser esse balbucio?
Que seria eu sem ti, a não ser esse balbucio
Quem fala de felicidade tem sempre os olhos tristes
Não é um soluço do desapontamento?
Uma corda quebrada nos dedos do violonista?
E, no entanto, digo-vos que a felicidade existe
Alhures que no sonho, alhures que nas nuvens
Terra, Terra, eis aqui suas enseadas desconhecidas
Que seria eu sem ti, que vieste ao meu encontro?
Que seria eu sem ti, senão um coração adormecido no bosque?
Senão essa hora parada, no mostruário do relógio?
Que seria eu sem ti, a não ser esse balbucio?